Matéria publicada no Portal Todo Dia em 23/02/2017.
Das 20 cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas), 15 encaminham diariamente o lixo recolhido em seus domínios paro o aterro da Estre (Empresa de Saneamento e Tratamento de Resíduos), em Paulínia. Além de possuírem o mesmo destino, os caminhões que chegam dessas cidades possuem outro ponto em comum: eles fazem a mesma rota, passando por dentro de Sumaré.
Tal caminho é conhecido popularmente como “Rota do Lixo” e atinge bairros da região do Maria Antônia e do Jardim Dall’Orto. O acesso se dá pela Rodovia Anhanguera (SP-330).
O percurso tem 4,6km e os prejuízos são diversos. Além do sobrepeso dos caminhões, que danificam o asfalto, o principal alvo de reclamações é o derramamento de chorume pelas vias, o que causa prejuízos para os moradores e também para os comerciantes.
No começo do mês de fevereiro, um projeto de lei de autoria do vereador Rudinei Lobo (PRB) foi lido na sessão da Câmara de Sumaré e agora tramita no Legislativo. A ideia é que seja proibido o trânsito de caminhões de outros municípios “contendo lixo ou de coletas de lixo e resíduos de qualquer espécie que produzam mau cheiro e chorume pelas áreas do Jardim Dall’Orto, Santa Carolina e adjacências”. A multa proposta é de R$ 2 mil.
O projeto foi protocolado após uma reunião que envolveu 14 vereadores. “A ideia da gente é tentar proibir, até porque conhecemos uma rota alternativa, por meio do canavial. O problema ali (na “Rota do Lixo”) é o chorume, caminhão acima do peso deteriorando o asfalto, prejudicando escola”, apontou o vereador Rudinei.
1 – A “Rota do Lixo” começa pelo acesso da Rodovia Anhanguera (SP-330).
2 – A grande quantidade de caminhões que leva lixo diariamente para o aterro afeta o asfalto da Avenida Antonio Pereira de Camargo Neto, a primeira via depois do acesso pela rodovia. “É um problema antigo, faz anos que isso acontece. A gente reclama, mas ninguém toma providência. Sem contar o asfalto, que os caminhões passam e detona tudo”, contou o comerciante e morador da região, Washington Silva de Castro, 29.
3 – O mau cheiro causado pelo chorume derramado na Avenida Antonio Pereira de Camargo Neto afastou até comerciantes ambulantes que atuavam na via. “Tinha um comerciante que vendia comida lá. Lembro que ele ficava com a barraquinha, mas depois de tanto ouvir reclamação por causa do mau cheiro acabou indo embora”, disse um morador do bairro, que pediu para não ser identificado. O mau cheiro também incomoda os moradores que utilizam a ciclofaixa da avenida.
4 – Ao final da Avenida Antonio Pereira de Camargo Neto, na rotatória, o comerciante Vanderlei Barbosa Teixeira, 37, mantém uma barraquinha de pastel há pouco mais de um ano. Nesse período, ele afirma que o mau cheiro piorou, o que afetou as vendas. “Começou a passar uns caminhões muito fedidos, os clientes reclamam. (…) Diminuiu bastante o meu movimento, caiu quase pela metade”, comentou Teixeira.
5 – Os caminhões passam em frente à EM (Escola Municipal) André De Nadai. O mau cheiro foi relatado por pais de alunos.
6 – Ezequiel dos Santos de Souza, 33, mora há dez anos na região e diz que sempre houve esse problema. “É um cheiro muito forte. A gente está lá sentado, num restaurante, tomando sorvete, e passa aquele caminhão com o mau cheiro. Acaba perdendo o apetite. Todos os dias passa a caminhão, a qualquer hora. Está piorando cada vez mais”, lamentou.
7 – Caminhões passam pela Avenida Orlando Vedovello para depois chegar até a via que dá acesso à entrada da Estre, em Paulínia.
8 – Aterro da Estre recebe diariamente uma média de 686 toneladas de lixo das 15 cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas).
Segundo o advogado especialista em Transporte do escritório PPV Advogados, Dennis Pelegrinelli, é possível limitar o tipo de veículo que circula em determinados regiões. Porém, isso não pode ser feito com base na placa do veículo. Ou seja, o projeto de Sumaré pode restringir o tráfego de caminhões de lixo na “Rota do Lixo”, mas não fazer distinção entre as cidades.
Sendo assim, nenhum caminhão de lixo poderia circular no trajeto, incluindo os de Sumaré. “Toda lei tem que obedecer o requisito da finalidade. Se a finalidade é não trazer mal odor, não prejudicar o asfalto, o caminhão de vocês (Sumaré) faz a mesma coisa. Se não (retirar a limitação de cidades do projeto) corre o risco de fugir o requisito da finalidade. (…) A redação (do projeto) precisa ser melhorada, caso contrário corre risco de sofrer alguma ação da Justiça”, explicou Pelegrinelli.
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